CUIABÁ – O ex-pastor da Igreja Mundial do Poder de Deus Rafael Alves Ferreira – que se diz ex-homossexual – botou a boca no trombone e revelou o esquema de arrecadação de dinheiro da igreja neopentecostal da qual ele é dissidente.
Em reportagem publicada na revista Época desta semana, Ferreira diz que a meta de arrecadação mensal da Mundial era de R$ 1 milhão por mês. Além disso, o pastor revela que para pagar pelos programas de TV era necessário arrecadar mais R$ 500 mil. “Eu era responsável pelos depósitos. Todo dia ia ao Bradesco do centro de Cuiabá e depositava de R$ 80 mil a R$ 100 mil na conta da igreja”, conta.
Fundada em 1998 por Valdemiro Santiago, 46, em Sorocaba (SP), a Mundial já tem 2.350 templos espalhados pelo Brasil e em 12 países. Só de aluguel, a igreja paga mais de R$ 12 milhões por mês. A igreja, que conta com mais de 4.500 pastores, expulsou Ferreira em dezembro do ano passado quando ele denunciou agressão homofóbica de um dos pastores. Trata-se do pastor Jademir.
O agressor – Segundo o ex-pastor Rafael Ferreira, o pastor Judemir o caluniou afirmando tê-lo visto em relações homossexuais após sua conversão evangélica. Por conta disso, o ex-pastor Rafael Ferreira, que era responsável pela Geração Jovem Mundial, pede R$ 1 milhão de indenização por danos morais e calúnia. A agressão, conforme informou o ex-pastor à polícia, aconteceu em 08 de dezembro do ano passado.
Uma semana depois, a suposta vítima fez um Boletim de Ocorrência (BO) no Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc), do bairro Verdão, em Cuiabá. Segundo Ferreira, o pastor Jademir lhe deu um soco no peito enquanto ele estava dormindo. Ao acordar, o pastor Jademir tentou estrangulá-lo. "Um pastor que é preconceituoso e homofóbico jamais pode ser chamado de pastor", disse o agredido na ocasião.
Tráfico de armas – Os pastores Sebastião Brás Neto, 42, e Felipe Jorge Freitas, 33, da Igreja Mundial do Poder de Deus foram presos por tráfico de armas no começo do mês, em Campo Grande (MS). Os fuzis do modelo M-15 vinham dos Estados Unidos e seriam levados para o Morro do Martins, na cidade de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Além dos dois pastores, o integrante da igreja Francisco de Moura, 31, também foi preso no esquema de tráfico de armas.
Pastor Hollywood – Os espetáculos sensacionalistas são denunciados pelo ex-pastor ex-homossexual. “O bispo Sidney Furlan mandava a gente subir no altar e orientava sobre o que falar para comover o povo. Dizia que era preciso fazer um teatrinho, um sensacionalismo para o povo acreditar que a igreja era responsável pelas curas e milagres”. Nesse teatrinho, os pastores convertem gays em ex-gays e até gordos em magros.
Numa das aberrações de conversão, o pastor Paulo Teles, que não é nada esbelto, diz que Deus emagrece os gordinhos que acreditarem nas orações da Igreja Mundial. O emagrecimento ocorre como uma espécie de exorcismo. De tão bizarro, é um teatrinho que faz rir aos montes. Principalmente por aquelas gordinhas que não confiam no evangélico que fica atrás do(a) gordo(a) para segurá-la quando receber a “bênção” do emagrecimento. Por conta disso, o pastor Paulo Teles está sendo chamado de “Pastor Hollywood”.